O líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar, e o líder da oposição, o socialista Alessandro Molon, protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) uma queixa-crime contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República, por sua declaração em uma entrevista na qual defendeu que poderia haver um “novo AI-5” se “a esquerda radicalizar”.
O Ato Institucional 5 foi assinado em 13 de dezembro de 1968, no regime militar e é considerado uma das principais medidas de repressão da ditadura. Entre as consequências do AI-5 estão o fechamento do Congresso Nacional, a retirada de direitos e garantias constitucionais, com a perseguição a jornalistas e a militantes contrários ao regime.
Na entrevista, Bolsonaro se referiu aos protestos no Chile como atos de “vandalismo” e afirmou que, se manifestações semelhantes acontecerem no Brasil, “alguma medida vai ter que ser tomada”.
A ação foi subscrita também por outros partidos da oposição e da minoria da Casa, na quinta-feira (31). Segundo a ação, a fala de Bolsonaro “trata-se de um ato criminoso e de extrema gravidade, pois atenta contra a Constituição Federal e a democracia”.
Na representação criminal, os partidos pedem que o parlamentar seja condenado por incitação e apologia ao crime, além de ato de improbidade administrativa, que pode levar à perda do mandato.
Leia, abaixo, a íntegra:
As Bancadas do PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB e Rede, juntamente com as Lideranças da Minoria e da Oposição na Câmara, repudiam veementemente a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em defesa de um novo AI-5. Trata-se de um ato criminoso e de extrema gravidade, pois atenta contra a Constituição Federal e a democracia.
É inadmissível um parlamentar eleito pelo voto popular e que jurou respeitar a Constituição fazer apologia ao crime e a defesa da volta dos anos de chumbo. Diante disso, entendemos que a única punição cabível é a perda de seu mandato, medida que será analisada pelo Conselho de Ética da Câmara com base em representação que os seis partidos vão protocolar.
O ato do deputado, por ser filho do presidente da República, que reiteradamente defende a ditadura e a tortura, faz da declaração um risco concreto para a democracia.
O parlamentar do PSL e o grupo que governa o País neste momento são uma ameaça constante às instituições democráticas e ao Estado de Direito. Reiteradamente, demonstram intenções autoritárias, aversão ao diálogo e descompromisso com a democracia tão duramente conquistada pelos brasileiros. São inimigos da democracia e da liberdade e, por isso, devem ser contidos por toda a sociedade brasileira.
Ditadura nunca mais! Democracia sempre!
Brasília, 31 de outubro de 2019
Paulo Pimenta (RS), líder do PT
Ivan Valente (SP), líder do PSOL
André Figueiredo (CE), líder do PDT
Daniel Almeida (BA), líder do PCdoB
Tadeu Alencar (PE), líder do PSB
Joênia Wapichana (RR), líder da Rede
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da Minoria
Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição