Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quarta-feira (18), revela o aumento da desigualdade de renda no Brasil em 2019 devido ao avanço da informalidade no mercado de trabalho.
A análise registrou um aumento no número da população ocupada (que engloba trabalhadores formais, nos setores público e privado, informais, pessoas jurídicas), chegando a 93,6 milhões de brasileiros no trimestre encerrado em julho deste ano, voltando aos níveis pré-crise. O pico antes da crise ocorreu em dezembro de 2014, quando havia 92,4 milhões de ocupados.
Entretanto, embora tenha caído o desemprego e aumentado a massa salarial no país, os empregos são majoritariamente na informalidade. Além disso, o relatório aponta que, mesmo nas vagas com carteira de trabalho assinada, praticamente todas possuem remuneração máxima de até dois salários mínimos.
Apenas as duas primeiras faixas salariais (de até um e de até dois salários) têm saldos positivos, ou seja, o número de contratações supera o de demissões no primeiro semestre do ano. Para os demais níveis salariais, mais altos, a dispensa de trabalhadores é maior que o total de admissões.
A melhora dos níveis de ocupação, no entanto, vem acompanhada de um aumento na desigualdade de renda. O estudo apontou que os rendimentos reais médios mensais das famílias mais ricas cresceram 1,52% na comparação com o segundo trimestre de 2018. Já para as mais pobres, houve queda de 1,43%.
No primeiro semestre deste ano, a população de renda alta já havia apresentado um crescimento de 2,48% em seus ganhos, enquanto os mais pobres só aumentaram em 0,1%.
O Ipea considera a população de renda baixa aquela com renda mensal familiar entre R$ 1.638,70 e R$ 2.453,41. As de renda alta são aquelas cujos ganhos superam R$ 16.391,58. Já os de renda média recebem de R$ 4.907,89 a R$ 8.195,79.
De acordo com o instituto, o aumento da diferença entre o indivíduo que ganha menos para o que ganha mais se deve à inflação que fica mais alta para os segmentos de faixa mais baixa, por conta da alta em produtos e serviços que pesam muito na cesta dos brasileiros (como medicamentos, energia elétrica, transporte).
O Índice de Gini da renda domiciliar do trabalho subiu de 0,514 no 4º trimestre de 2014 para 0,532 no 2º trimestre de 2019. Já para a renda individual do trabalho, o indicador saltou de 0,495 para 0,508 no mesmo período. O indicador monitora a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 significa maior desigualdade.
Os pesquisadores utilizaram duas bases de dados: Caged, cadastro de trabalhadores formais do Ministério do Trabalho, e a Pnad, pesquisa mensal de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).