O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) enviou uma carta ao presidente da República Popular da China, Xi Jinping, com um pedido de desculpas pelo posicionamento do governo Jair Bolsonaro e de seus filhos.
“De imediato, cumpre-se destacar que as declarações e comportamento de nosso presidente em hipótese alguma refletem a opinião de nossa nação”, diz trecho da carta que além do pedido de desculpas, cita o impasse diplomático que resultou no atraso no envio de insumos farmacêuticos para produção de vacinas contra a covid-19 no Brasil.
Em outro ofício, endereçado ao embaixador da República Popular da China, Yang Wanming, o deputado goiano solicita que se faça chegar às mãos do presidente Xi Jinping a correspondência manifestando respeito e solidariedade ao povo chinês.
O ataque do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ao embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, em novembro do ano passado, é uma das principais questões diplomáticas que resultaram no atraso do envio dos insumos, que deveriam ter chegado ao Brasil em dezembro.
O parlamentar acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à chamada Clean Network (Rede Limpa), articulada pelos Estados Unidos junto a outros países e cujo objetivo é banir a chinesa Huawei dos serviços de tecnologia 5G.
A embaixada da China reagiu e afirmou que “declarações infames” de Eduardo e “algumas personalidades” brasileiras desrespeitam “os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”.
Insumos farmacêuticos
Na manifestação, Vaz apela ao governo e a empresas chinesas em favor da superação de obstáculos ao envio do princípio ativo da vacina ao Brasil.
“(…) Rogamos todo o esforço possível para interceder junto ao governo chinês e o empresariado local para que desfaça qualquer impasse diplomático que tem impedido a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio ativo do coronavac, possibilitando que nossos nacionais tenham acesso a vacina”, pede o socialista.
O IFA, usado para a produção do imunizante da AstraZeneca, é fornecido pela China e, no momento, está retido em uma empresa do país asiático.
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reuniu-se nesta quarta-feira (20), por meio de videoconferência, com os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, da Agricultura, Teresa Cristina, e das Comunicações, Fábio Faria, para discutir o atraso no envio de insumos.
Sem o produto, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que fabricará as vacinas no Brasil, teve que adiar para março a entrega das primeiras doses, que estavam previstas para o mês que vem.
Problema semelhante vem sendo enfrentado pelo Instituto Butantan, responsável pela vacina CoronaVac, e depende da importação do IFA da China.
“Cumpre-me destacar que os governos no Brasil são temporários, ao passo que os laços entre chineses e brasileiros são superiores a transitoriedade dos mandatos presidenciais. Aproveito a oportunidade para reiterar nossos sinceros votos de estima e consideração”, finalizou o socialista.
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