Os deputados federais Tadeu Alencar (PE), Júlio Delgado (MG) e Alessandro Molon (RJ) receberam com preocupação a articulação nos bastidores do Congresso para aprovar, ainda este ano, parte da Reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer.
Para os deputados, é indiscutível a necessidade de revisão nas regras, desde que se busque o corte de privilégios e a garantia de equilíbrio social, o que, na opinião deles, o atual texto não contempla.
Líder do PSB na Câmara,Tadeu Alencar critica a forma “autoritária” como a proposta foi conduzida por Temer. Para o deputado, o Congresso não tem condições de discutir um tema tão complexo a dois meses do fim da legislatura.
“A reforma da Previdência é um tema sobre o qual qualquer presidente da República vai ter que se debruçar. A gente espera que o presidente eleito não repita a atitude autoritária de Temer diante de um assunto tão importante. Espero que o presidente eleito não colha do que foi plantado nesse governo para ver se ele tem um fruto diferente porque o fruto aqui foi de resistência”, disse.
Na opinião de Júlio Delgado, o texto não resolve o principal problema do sistema: a diferença de regras de trabalhadores da iniciativa privada e de servidores públicos.
Delgado avalia que a proposta em discussão penaliza grande parte da população “para proteger uma minoria”.
“Estamos abertos ao diálogo e à transparência para a construção de uma nova proposta”, disse. “Precisamos de mais informações sobre os pontos que se pretende manter, e quais os demais que serão alterados. Desta forma poderemos contribuir, aperfeiçoar e discutir com a sociedade qual o melhor caminho para equilibrar as contas públicas sem prejudicar as aposentadorias”, afirma.
Já Molon acredita que o presidente eleito quer transferir para o atual governo o desgaste de aprovar uma medida impopular. “Tudo pra evitar que o novo governo, assumindo a Presidência da República em janeiro, fique com o ônus de aprovar uma reforma e ficar mal com a opinião pública. Isso é extremamente injusto”, afirma.
Para o deputado, a proposta de aumentar de 15 para 25 anos o tempo mínimo de contribuição irá impedir, na prática, o acesso de milhões de brasileiros à aposentadoria.
Segundo ele, oito em cada dez brasileiros não conseguiriam comprovar o tempo de contribuição. “Trabalhariam até morrer porque não conseguem comprovar. Muitos trabalharam até mais tempo que isso, mas não conseguem comprovar”, reitera.
Para o socialista, a aposentadoria por invalidez apenas para quem foi vítima de acidente de trabalho “é uma aberração”.
“A aposentadoria por invalidez é uma espécie de seguro, de proteção contra os infortúnios da vida. Pode acontecer com qualquer um, ainda mais em um país extremamente violento como o nosso”, afirma.
“Essa não é uma reforma da Previdência que seja socialmente justa, ela é socialmente injusta. Nós vamos lutar contra. Aceitamos debater, sabemos que esse é um problema, mas isso tem que ser feito com honestidade, transparência e seriedade”, completa Molon.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações de agências