Um grito de basta ao governo do presidente Jair Bolsonaro ecoou nas principais cidades do país neste sábado (23), em carreatas organizadas por entidades sindicais, movimentos populares e partidos de oposição.
Militantes do PSB, partido que em abril de 2020 assinou pedido de impedimento do presidente, estiveram presentes nas manifestações de norte a sul do país.
Evitando aglomerações, as pessoas foram às ruas cobrar a vacinação contra a Covid-19, e defender o pagamento do auxílio emergencial aos mais pobres, a geração de empregos e o impeachment de Bolsonaro.
Os protestos ocorrem no momento em que a desaprovação do presidente dá um salto, segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (22). De acordo com o levantamento, 40% da população avaliam a atuação de Bolsonaro como ruim ou péssima, ante os 32% que assim o consideravam na sondagem feita no começo de dezembro.
Esse crescimento da insatisfação popular coincide com a superação dos 200 mil mortos por Covid-19, no dia 7 de janeiro, fruto da irresponsabilidade do governo Bolsonaro durante a pandemia.
“Vivemos uma tragédia social sem precedentes no Brasil, é preciso agir contra este governo irresponsável e antipopular que nega a ciência, viola a Constituição e atenta contra o seu próprio povo. Quando a vida está em jogo, agir é uma obrigação”, afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Ao longo do dia, ocorreram carreatas em mais de 100 cidades, incluindo as principais capitais do país. Em Brasília, os carros ocuparam duas pistas da Esplanada dos Ministérios e pelo menos 8 quilômetros da principal via da Asa Norte, no plano piloto da capital.
Em São Paulo, o protesto percorreu um longo trajeto, começando na Assembleia Legislativa, em frente ao Parque Ibirapuera, passando pela Avenida Paulista e terminando na Praça Roosevelt.
No Rio de Janeiro, a carreata ocupou uma faixa de uma das principais avenidas da cidade, a Presidente Vargas, e ao som de buzinas, os manifestantes pediram o fim da gestão do presidente da República.
Pedidos de impeachment
O PSB foi um dos primeiros partidos a apresentar pedido de impeachment de Jair Bolsonaro. No dia 29 de abril de 2020, deputados socialistas protocolaram o pedido apontando 11 crimes de responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo.
Entre esses crimes estão aqueles denunciados pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro; contra a democracia e as instituições; e relacionados à pandemia do coronavírus.
Desde então, a crise no país se agravou e o presidente deu ainda mais provas de que não está à altura do cargo que ocupa.
No dia 15 de janeiro de 2021, PSB anunciou a decisão de apresentar um novo pedido de impeachment do presidente da República, desta vez, junto com outros partidos do campo de esquerda.
Na manifestação, os partidos justificam o pedido considerando a prática de “crimes de responsabilidade em série, que resultaram na dor asfixiante do Amazonas e de milhares de famílias brasileiras”.
“O presidente da República deve ser política e criminalmente responsabilizado por deixar sem oxigênio o Amazonas, por sabotar pesquisas e campanhas de vacinação, por desincentivar o uso de máscaras e incentivar o uso de medicamentos ineficazes, por difundir desinformação, além de violar o pacto constitucional entre União, Estados e Municípios. O Brasil está morrendo sufocado por este Presidente. Basta! Já passou da hora de o Congresso Nacional, representando a nação, reagir”, afirma a nota.
Os partidos ainda defenderam que o Congresso volte a funcionar imediatamente, para aprovar medidas que possam ajudar o país a superar a atual crise econômica-social-sanitária que vitima a população brasileira.