Em entrevista para o portal UOL, publicada nesta segunda-feira (6), o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, afirmou que o desemprego pode recolocar o Brasil no Mapa da Fome.
“Acho que se o Brasil não conseguir retomar o crescimento econômico, gerar empregos de qualidade e ter um programa de segurança alimentar voltado especificamente para as zonas mais deprimidas, nós podemos, infelizmente, voltar a fazer parte do Mapa da Fome da FAO”, afirmou.
Elaborado pela FAO desde 1990, o mapa é um estudo que analisa dados sobre a situação da segurança alimentar da população mundial e faz um diagnóstico por regiões e países. Baseado no estudo, aqueles países que possuem mais do que 5% da população subalimentada entram no mapa.
Em 2014, o Brasil saiu desse grupo de países e teve, pela primeira vez, um número inferior a 5% dos brasileiros que se alimentavam com menos calorias diárias que o recomendado. Naquele ano, 3% da população tinham restrição alimentar severa.
Segundo a FAO, de 2015 para 2016, a fome mundial aumentou devido aos conflitos armados e a crise econômica e atingiu 815 milhões de pessoas.
Graziano defende que “é preciso tornar a questão da fome um problema político para poder ser objeto de políticas públicas”. “É responsabilidade do Estado garantir uma alimentação adequada e saudável. O direito à alimentação na Constituição brasileira tem o mesmo nível do direito à vida”, ressalta.
O diretor-geral destaca que a linha da pobreza é tênue, principalmente em razão do emprego temporário. “Quando a pessoa consegue o emprego, passa para cima da linha; quando perde o emprego, retorna para baixo da linha. Mas é importante entender que essa linha imaginária que separa a pobreza extrema dos chamados ‘não pobres’ possui uma grande flutuação”, explica.
Para ele, a pobreza é um atributo coletivo, pois leva em consideração o desemprego, a região em que a pessoa vive na qual é desprovida de acessos a serviços públicos como saúde e educação.
Graziano destaca que a fome no país tem “muitas caras” e vai desde a região semiárida no sertão do Nordeste até a beira do rio Amazonas. “A cara da fome no Brasil é de uma mulher, de meia-idade, com muitas crianças e que vive no meio rural. Em geral, o marido migra e não a leva, resultando em grande parte no abandono da família”, disse.
Para sair dessa condição, afirma Graziano, ela e seus filhos precisam ser beneficiados com mecanismos de proteção social. “Por mais deficiências que possam ter programas de transferência de renda, não se justifica deixar sem um mínimo atendimento pessoas que não têm condições de ter acesso à alimentação”.
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Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações do portal UOL