Filiada ao PSB em 2019, Abiancy Cardoso Rosa ou Bia Cardoso tem percorrido pequenas cidades da Amazônia para dialogar com mulheres, líderes indígenas, comunidades ribeirinhas tradicionais e camponeses. Jornalista, é graduada em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará. Atuou por dez anos na TV cobrindo conflitos fundiários em disputas de terras e contrabando de madeira em uma das regiões mais conturbadas do Pará, ameaçadas por grileiros e fazendeiros. Também se especializou na cobertura jornalística de costumes e tradições milenares dos povos indígenas.
Anos de profissão denunciando a violência e os desmandos de exploradores contra as minorias da floresta lhes renderam ameaças de morte. Bia também chegou a ser agredida por uma juíza quando estava grávida de oito meses da segunda filha. “É preciso que se convença as pessoas de que todos os desafios do Brasil se encontram na política”, afirma. Bia diz ter escolhido se filiar ao PSB pelo “projeto de longo alcance” do partido, que se inspira em “profundas mudanças nos costumes e práticas da política”. “Sonhamos com um país onde cada cidadão possa desenvolver sua capacidade plena por meio da educação. Um país que coloque a vida, o ser como valor supremo”. Bia é casada com o ex-deputado estadual João Salame, também militante do PSB.
Confira a entrevista:
O que a trouxe para o PSB?
Minha escolha pelo PSB tem a ver com o legado histórico do partido que lutou pela democracia, foi capaz de refletir suas posições no tempo, propondo, de maneira inovadora, uma autorreforma. Minha presença no PSB tem a ver também com a expectativa de ser participante dessa “mudança geracional”, que consiste, em termos práticos, em agregar em torno do Partido Socialista Brasileiro as mais promissoras e modernas lideranças do país, vinculando-as a um projeto de longo alcance, inspirado em profundas mudanças nos costumes e práticas da política. Eu penso que isso pode produzir um ente partidário maduro e plural, denso e moderno para motivar as classes médias urbanas – profissionais liberais, contingentes do pequeno e médio empresariado – e, ainda, trabalhadores insatisfeitos que buscam um caminho diferente na política.
Quais as causas pelas quais você luta?
Eu luto pelas causas que gritam em meu coração, como a justiça social. Eu tenho visto um Brasil de desemprego crescente, famílias vulneráveis, miséria, fome. Eu penso que é preciso escutar a sociedade, estabelecer um diálogo que teste as nossas teses para então dar voz às pessoas. E não só isso. É preciso que se convença as pessoas de que todos os desafios do Brasil se encontram na política.
O que significa ser socialista no tempo presente?
O socialismo propõe hoje as mesmas teses do passado: a defesa da vida, a justa distribuição de renda. Pra que fique mais claro, posso dar um exemplo. A mineradora Vale sabia dos riscos de rompimento das barragens como a de Brumadinho, conforme denúncias de funcionários da empresa. No entanto, ignorou esse alerta colocando o lucro acima da vida. O socialismo faz o caminho contrário, muito embora sua efetiva aplicação seja utópica. Apesar disso, nos faz caminhar movidos por um ideal.
Qual é o país com o qual você sonha?
Eu tenho percorrido pequenas cidades da Amazônia paraense estabelecendo escutas junto a minorias, recrutando pessoas para a luta. Ouvi líderes indígenas, comunidades ribeirinhas tradicionais, camponeses, mulheres que nunca tiveram sequer a carteira de trabalho assinada. Pessoas que vivem à deriva de um modelo econômico excludente. Vi acordos internacionais serem violados e o Estado se calar diante disso como a convenção 169 da OIT. Ela pactua que as comunidades tradicionais sejam ouvidas quando houver implantação de projetos que as impacte. Na prática, não tem sido assim. Esse não é o Brasil que queremos. Nós sonhamos com um país onde cada cidadão possa desenvolver sua capacidade plena por meio da educação. Um país que coloque a vida, o ser como valor supremo. Um Brasil que se reconheça em suas diferenças de cor, raça e veja nisso uma riqueza. Um Brasil justo.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional