O primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, assinou nesta quarta-feira (25) sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), como membro do diretório de São Paulo, a convite do presidente Nacional da sigla, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O ato de filiação foi realizado em Brasília, na sede nacional do PSB, e contou com a presença do líder socialista. “O PSB passa por um momento de renovação na política e o astronauta Marcos Pontes representa essa renovação: vai nos ajudar a difundir a ciência à população brasileira”, afirmou Eduardo Campos, sobre o mais novo membro de seu partido.
“Trata-se de uma honra para o partido contar com esse ilustre pioneiro brasileiro. Pontes foi o primeiro sul-americano a partir em direção à Estação Espacial Internacional, para onde levou oito experimentos científicos nacionais”, destacou o líder socialista. “É um verdadeiro símbolo para a política aeroespacial do Brasil e, agora, ainda mais parte do nosso projeto de futuro”.
Eles se conhecem desde 2004, quando Eduardo Campos era ministro da Ciência e Tecnologia, pasta à qual a Agência Espacial Brasileira (AEB) está vinculada. “Foi ele quem comandou o início das tratativas para a realização da primeira missão espacial brasileira, a qual integrei como astronauta – a Missão Centenário, com a Rússia”, relembrou Pontes. “Além disso, historicamente o Ministério da Ciência e Tecnologia sempre esteve ligado ao PSB, não só com Campos mas também com Roberto Amaral e Sérgio Rezende. O presidente da AEB na época da missão espacial, Sérgio Gaudenzi, também é um socialista. Portanto, minha relação com o partido é antiga, estou muito orgulhoso em poder ajudar o PSB a construir um Brasil mais justo, próspero e feliz”.
O astronauta realizou a primeira missão espacial tripulada do país, em 2006, permanecendo no espaço por dez dias a bordo da Estação Espacial Internacional, com a função principal de manutenção de sistemas. Tenente coronel da Reserva da Força Aérea Brasileira, Marcos Pontes foi piloto de combate e também de testes de avião, mas deixou as funções militares em 1988, após ser selecionado por concurso público para representar o Brasil na NASA, a agência espacial do Governo dos Estados Unidos, como astronauta, que é carreira civil.
Ele atua hoje como empresário e consultor técnico, ministrando palestras e treinamento especializado em Desenvolvimento de Competências Pessoais e Profissionais. Também escritor, tem três livros publicados e mais de 300 artigos em revistas e jornais. É professor convidado do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), para a qual criou o currículo de Engenharia Aeroespacial – curso que aguada aprovação para entrar no vestibular – e pesquisador convidado do Instituto de Estudos Avançados da USP em São Carlos (SP).
Além disso, participa intensamente de atividades sociais na área da educação e desenvolvimento sustentável, o que o levou ao cargo de embaixador mundial da WorldSkills International para a promoção da Educação Profissionalizante. Ainda nessa área, é um dos três únicos embaixadores da Organização das Nações Unidas (ONU) atualmente para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO).
Segundo vôo –O novo filiado do PSB também é o único astronauta profissional à disposição de um país no hemisfério sul, conforme acordo assinado com a Agência Espacial Brasileira em 2006, e aguarda a escalação para o seu segundo vôo espacial. “Exatamente neste momento, temos convites para essa segunda oportunidade no setor privado dos Estados Unidos e possivelmente com a China”, revelou, admitindo que voltar ao espaço é seu grande sonho. Tanto que ele ainda faz parte das tripulações da NASA para manutenção da Estação Espacial.
A decisão de entrar para um partido político se deu recentemente, quando fazia uma palestra para alunos e professores em Jundiaí (SP) no período das manifestações populares que tomaram o país em junho. Ao final da exposição, uma adolescente de 14 anos o questionou: “Achei que o senhor era corajoso por defender o nosso país e subir em um foguete, mas, durante todos esses protestos e sofrimento do povo brasileiro, o senhor nunca teve coragem de usar seu conhecimento e experiência para ajudar a mudar as coisas erradas no Brasil”.
Pontes sentiu-se extremamente tocado com o apelo da jovem. “Mais do que todos os convites recebidos anteriormente de partidos políticos, foi aquilo que fez com que eu decidisse participar mais ativamente das decisões e da política do meu país”, revelou.
Na opção pelo PSB, além da experiência anterior com o partido durante a missão espacial, ele conta que pesou a missão que lhe foi dada pelo presidente da sigla, Eduardo Campos. “Ele pediu que eu usasse meu conhecimento e experiência profissional para ajudar na formulação de novas ideias e estratégias em Educação, Ciência e Tecnologia, que são minhas áreas de atuação”, detalhou o astronauta.
Quanto a ser candidato a algum cargo já nas próximas eleições, em 2014, Marcos Pontes diz que a decisão ainda não foi tomada, porém, caso seja necessário, ele está pronto para assumir mais essa missão pelo Brasil.