O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou nesta segunda-feira (17), no Dia Internacional contra a LGBTfobia, do encontro “Do combate à LGBTfobia ao orgulho de ser LGBT e socialista”, em transmissão que inaugura o Ciclo de Debates Virtuais do Segmento LGBT Socialista e a Autorreforma do PSB.
Na primeira parte do encontro, os socialistas que acompanharam a live puderam ouvir também a secretária Nacional LGBT Socialista Tathiane Araújo e Domingos Leonelli, integrante da coordenação da Autorreforma.
Siqueira reafirmou a importância dos segmentos organizados e da comunidade LGBT no PSB:
“Para que se supere a questão da violência contra LGBTs, que é gritante no nosso país, é necessário acolhimento para que as pessoas possam desenvolver suas qualidades com respeito e liberdade. Cada passo nessa luta é um passo significativo por emancipação”.A escolha do dia 17 de maio remete à data em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, em 1990.
O presidente nacional do PSB disse que apesar do atraso da OMS em reconhecer que essa classificação era inadequada, muitos filósofos e cientistas renomados já tratavam com naturalidade do tema há décadas.
“Por ser homossexual, o filósofo e historiador Michel Foucault tratou da questão com naturalidade e mostrou como a opressão foi imposta a eles por tanto tempo. Todo ser humano tem um corpo e devemos tratá-lo com absoluta liberdade, se não dominamos nosso próprio corpo, não há possibilidade de se dominar mais nada. Ao ter seu corpo dominado, o ser humano é dominado politicamente”, analisou Siqueira.
Tathiane Araújo explicou que o 17 de maio traz reflexões sobre a maneira perversa com que a sociedade brasileira persegue a comunidade LGBT, comentou as inúmeras tentativas do presidente Jair Bolsonaro em inviabilizar a luta homossexual e trans e agradeceu ao PSB por “percorrer o caminho certo, ajudando os LGBTs a se aproximarem do reconhecimento que merecem”.
“Sabemos que o Supremo Tribunal Federal trouxe alguns avanços para nossa causa. O PSB propôs medida que nos libertou da proibição de doação de sangue, por exemplo, temos muitas conquistas, mas ainda vivemos em um Estado que é campeão no mundo em violência LGBT”, afirmou Tathiane.
Além de comentar a alta taxa de assassinatos de transexuais no país, fato caracterizado pelo socialista como “a mais sombria das faces do fascismo”, Domingos Leonelli também afirmou o caráter inclusivo e diverso da Autorreforma do partido.
“É importante que nossa versão de socialismo criativo incorpore uma visão humanista. Não é por acaso que o novo manifesto do partido, sua parte mais importante, é finalizado conclamando a juventude, os trabalhadores,os intelectuais, as mulheres, os negros e os LGBTs a se unirem em torno de um programa democrático, revolucionário e igualitário”, finalizou.
“Não se trata de privilégio”
A segunda parte da transmissão contou com a participação do prefeito de Alpinópolis, Rafael Freire (PSB-MG), e do deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP), com a mediação do integrante do LGBT – PSB, Italo Alvez.Em sua exposição, Rafael trouxe dados do Relatório Mundial da Transgender Europe, que aponta 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, um total de 52%(171 casos) ocorreu no Brasil.
“Ao não equiparar a LGBTfobia aos demais tipos de discriminação, faz-se uma ‘hierarquização das opressões’, ou seja, se alguém pratica discriminação de raça e religião, por exemplo, pode ir preso, mas se pratica discriminação de gênero, não. Não se trata de privilégio, mas de igual proteção penal”, salientou.
Os integrantes da Executiva Nacional do Segmento LGBT Socialista, Daniel Lopes e Flávio Brebis, participaram do encontro como apresentador e moderador, respectivamente.
O Ciclo de debates iniciado hoje irá até 28 de junho com encontros quinzenais todas as segundas-feiras.
Dia Internacional contra a LGBTfobia
Esses últimos 31 anos, desde a retirada oficial da homossexualidade da categoria de doença, foram de lutas por conquistas e garantias de direitos. Ainda hoje, pelo menos 69 países criminalizam atividades consensuais entre pessoas do mesmo sexo, conforme relatório publicado em dezembro do ano passado pela International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association (Ilga). Nessas nações, homossexuais podem ser presos ou até mesmo condenados à morte.