Estamos passando por momentos difíceis e tempos incertos, onde infelizmente o ódio destilado nas redes sociais, local hoje onde qualquer um se sente o mais especialista em tudo e o último filósofo da humanidade. Condenando e escrevendo os mais odientos comentários nas postagens alheias, muitas vezes para preencher o vazio de todas suas frustrações e decepções consigo, e acreditam que o único caminho para manter sua infelicidade e fragilidade escondida é no tribunal acusatório das redes, mesmo que para isto seja desprovido de veracidade ou baseada em informações que são fake news.
Hoje é lugar comum a multiplicação de comentários que muitas vezes são julgamentos sumários, e o pior os juízes são pessoas que se escondem através de um computador, celular ou tablet e seja por desconhecerem o devido processo legal, por interesses pessoais, políticos e econômicos, pela simples necessidade de se sentirem com isto isolados de sua solidão corriqueira ou apenas um reflexo de sua ignorância e total desrespeito pelo próximo, querem através disto fazer com que as redes sociais sejam um verdadeiro e sumario tribunal de exceção totalmente parcial, sem direito ao contraditório e muito menos a ampla defesa.
Cada vez mais atual e merecedora de análise a frase do grande escritor e filólogo italiano Umberto Eco onde afirma “que as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”. Na verdade, percebo que hoje é muito fácil condenar os outros pelo que a mídia expõe e todos os interesses escusos escondidos subliminarmente por trás do que se publica nos sites, se fala nos programas de rádios e se compartilha nas redes sociais, sobra desrespeito e falta coerência. Onde deveríamos buscar informações verídicas para termos um melhor juízo de valor, nos contentamos em divulgar fake news e perpetuar a desinformação e o desserviço à sociedade.
Parece que o mantra usado nas redes é o mesmo e velho discurso fácil, acusatório e demagógico tão comum quando não se consegue combater uma ideia e se procura destruir quem a teve e divulgou. Procuro não contribuir com isto, tanto é que aqueles que escrevem nas minhas postagens destilando seu ódio e violência, não encontram eco, apenas o suave clique ao deletar. Somos responsáveis pelos nossos atos e assim tento participar nas redes sociais com coerência, respeito a opinião alheia e a opção do outro, destituído de ódio e sempre em busca de ser justo, pois assim tenho no mínimo a gratidão de minha consciência.