O PSB elegeu neste domingo (15), em Cavalcante, região da Chapada dos Veadeiros (GO), o único prefeito quilombola do país. Vilmar Kalunga teve 35,68% dos votos (1.958).
Vilmar nasceu no Vão do Moleque, povoado do Quilombo Kalunga, foi representante da associação de moradores do território e ganhou visibilidade local ao lutar pela demarcação de terras na região.
“Em 189 anos da cidade, é a primeira vez que vamos ter um prefeito kalunga, quilombola. Meu objetivo é a união, fazer um governo colaborativo, participativo. Queremos romper barreiras, não só dos kalungas, mas de todo mundo, em plena colaboração social”, disse Vilmar em entrevista ao portal G1.
O quilombo Kalunga é a maior comunidade de remanescentes quilombolas do país, e seus habitantes ocupam uma área de mais de 230 mil hectares de cerrado protegidos há mais de 200 anos. Cavalcante abriga parte da comunidade Kalunga na área do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.
Durante a campanha, o socialista e seu vice Sival Borges (PSD) receberam o apoio do ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB): “Conte comigo, no Congresso Nacional, para buscar emendas parlamentares para melhorar a qualidade de vida no município de Cavalcante”, disse Rollemberg em vídeo publicado nas redes sociais.
Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq), Vilmar seria o segundo prefeito quilombola na história do Brasil. Antes dele, Darcira (PT) foi eleita em 2012 e ocupou o cargo de prefeita de Açucena.
Além de Vilmar, foi eleito um vice-prefeito quilombola e 56 vereadores.
Comunidades Quilombolas
Simbolizando a resistência a diferentes formas de dominação histórica, as comunidades quilombolas se formaram por um processo histórico que começou nos tempos da escravidão no Brasil.
Mantendo as tradições culturais, essas comunidades resistiram à brutalidade escravocrata e aprenderam a tirar seu sustento dos recursos naturais disponíveis ao mesmo tempo em que se tornaram diretamente responsáveis por sua preservação.
Entre seus moradores estão agricultores, seringueiros, pescadores, extrativistas. Juntos, desenvolvem atividades de turismo de base comunitária em seus territórios. Apesar maioria estar na zona rural, há quilombos em áreas urbanas.
Segundo a Fundação Palmares, a comunidade remanescente de quilombo “é um conceito político-jurídico que tenta dar conta de uma realidade extremamente complexa e diversa, que implica na valorização de nossa memória e no reconhecimento da dívida histórica e presente que o Estado brasileiro tem com a população negra”.