O cenário que se configura no Equador tem relação direta com as políticas econômicas defendidas há décadas pelos liberais que, sem qualquer eficácia ou efetividade técnica comprovada sobre o desenvolvimento, têm tido como principal propósito transferir para os mais pobres o custo das crises e/ou dos ajustes macroeconômicos, com o apoio de instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para os que acompanharam os programas de ajustes dos anos 1970/80 — que legou ao Brasil sua década perdida (1980) —, e viram o que se passou na Argentina de Carlos Menem ou, mais recentemente, sob o governo Macri, não há dúvida do que se trata: os segmentos populares mais vulneráveis estão sob a mira de um “ajuste macroeconômico” e, para silenciá-los em sua justa resistência, se recorre mais uma vez em nosso continente a instrumentos como o estado de exceção.
A raiz do problema não está apenas no Equador , como não esteve no Brasil, na Argentina, na Grécia e em outros países. É a roda de um sistema mundial de regulação econômica e financeira que gira em desfavor dos mais vulneráveis e dos países em desenvolvimento e que, para cumprir seus propósitos, excede os limites da normalidade democrática.
Não pode haver engano algum quanto a este ponto: as políticas econômicas liberais têm como fiador, como garante de última instância o autoritarismo, seja no Equador, seja no Brasil.
Cabe às instituições do campo progressista, como o Partido Socialista Brasileiro – PSB, contribuir para a organização da resistência às políticas econômicas liberais e, no caso específico do Equador, se somar aos protestos contra práticas econômicas que colocam em questão de forma muito direta, clara, a sobrevivência da população mais simples de nosso coirmão continental.
Carlos Siqueira
Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB