O número de casos do novo coronavírus no país tem aumentado dia após dia. As cidades pequenas têm enfrentado dificuldades por não possuírem laboratórios e UTIs, dependendo, dessa forma, dessas unidades de saúde de referência nas cidades maiores para terem acesso aos dados de seus pacientes.
A falta de materiais para coleta e de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) também é uma constante não só nas cidades pequenas como nas maiores.
Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), apenas 478 municípios (8,5%) têm UTIs para adultos na saúde pública no Brasil. As demais cidades têm leitos hospitalares, mas precisam transferir os pacientes para outros municípios ou para a rede privada quando o quadro se agrava.
Até este domingo (5), existiam apenas 30 laboratórios no país com rede referenciada para fazer diagnósticos da Covid-19 ao SUS, todos nas capitais. Além dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) dos 26 estados e do Distrito Federal, três institutos de referência fazem o trabalho para a rede nacional: a Fiocruz, no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará.
Em alguns locais, os gestores locais precisam aguardar o resultado de exames encaminhados para outras cidades ou Estados. Entre elas, algumas tiveram resultado prévio inconclusivo ou precisam esperar a contraprova para detectar o vírus.
A demora no diagnóstico atrapalha as secretarias municipais a tomarem medidas certeiras no combate ao Covid-19. Os municípios fazem o trabalho de base, mas a falta de testes e resultados dificultam as ações, por exemplo, de isolamento de uma família quando um paciente pode estar infectado.
No Ceará, por exemplo, secretários de saúde relatam uma demora de até 20 dias para receber resultado de testes enviados ao laboratório em Fortaleza, capital do estado. A chegada dos testes rápidos encomendados pelo Ministério da Saúde não deve resolver o problema, já que eles têm 75% de chance de dar um resultado negativo quando o paciente já está infectado. Além disso, os testes precisarão ser utilizados nos profissionais de saúde para que se faça uma triagem de quem poderá continuar em atendimento aos pacientes.
A falta de diagnósticos causa ainda a dificuldade em contabilizar a quantidade de casos e de ter uma noção mais clara da presença do vírus circulando no município. A respeito disso, outra realidade das cidades pequenas é a demora em receber informações porque, em boa parte das vezes, os pacientes se locomovem para serem tratados em outros municípios.
O Ministério da Saúde anunciou, em coletiva de imprensa no domingo (5), que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou que laboratórios vinculados ao Ministério da Agricultura atuem fazendo diagnóstico do coronavírus. Dessa forma, poderá desafogar os testes enviados pelas cidades pequenas.
No total, há 84 unidades da Embrapa, Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDAs) e da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) aptos a fazer o trabalho. Num primeiro momento, farão parte da rede para diagnóstico de Covid-19 os LFDAs de Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Avanço da Covid-19 no interior
Um mês após a confirmação do primeiro caso do coronavírus no interior do Brasil, 397 municípios fora as capitais e cidades das regiões metropolitanas já registram contaminações.
Levantamento feito pelo jornal O Globo com auxílio das bases de dados Brasil.IO e Lagom Data, apontou que o ritmo de contaminação se acelerou em cidades de médio e pequeno porte na última semana, em paralelo com grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza.
Nesse período, o número de municípios do interior com confirmação do vírus mais que duplicou, com novos registros em 222 cidades que até então não estavam nas estatísticas do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais.
As regiões Sul e Sudeste apresentam mais força na interiorização do vírus, com 256 cidades com casos confirmados até o domingo. Nessas regiões, sete a cada dez municípios com registros da Covid-19 não estão na região metropolitana nem nas capitais.
Até o último sábado, ao menos 48 das cerca de 455 mortes confirmadas naquele dia em decorrência do coronavírus haviam ocorrido com moradores do interior do país.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações d’O Globo