Após as eleições de 2018, influenciadas por forte narrativa anticorrupção, o Brasil alcança sua pior colocação e a pontuação mais baixa no ranking sobre a percepção da corrupção, elaborado pela Transparência Internacional desde 2012.
O país aparece na 106ª posição entre 180 países avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2019, divulgado nesta quarta-feira (22) pela Transparência Internacional.
Segundo a entidade, o Brasil passou por uma série de retrocessos em seu arcabouço legal e institucional anticorrupção.
O relatório apontou como entraves ao combate à corrupção no país o que classificou como “interferência política” do presidente Jair Bolsonaro em órgãos de controle e paralisação de investigações que utilizavam dados do Coaf.
O documento afirma ainda: “Dentre os desafios atuais, há a crescente interferência política do presidente Bolsonaro nos chamados órgãos de controle e a aprovação de legislação que ameaça a independência dos agentes da lei e a accountability dos partidos políticos”.
“Muitos brasileiros elegeram o atual presidente esperando que ele fosse o grande inimigo da corrupção, mas o que se viu na prática foi uma piora neste levantamento feito por uma organização internacional. O atual presidente repete o desempenho do antecessor, Michel Temer”, criticou em suas redes sociais a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA).
Também entre os retrocessos na agenda contra a corrupção apontados pela organização está a liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que em julho do ano passado determinou a paralisação das investigações criminais que utilizavam dados do Coaf e outros órgãos de controle sem autorização judicial prévia.
Em 2018, o país ficou na 105ª colocação, com 36 pontos, e em 2017 alcançou 37 pontos, no 96.º lugar. O índice é calculado com base nos níveis percebidos de corrupção no setor público por especialistas e empresários – quanto menor a nota maior é a percepção de corrupção no país. Foram utilizadas 13 fontes de dados para o cálculo do índice, entre elas instituições como o Banco Central e o Fórum Econômico Mundial.
O Índice usa uma escala de 0 (altamente corrupto) a 100 (muito íntegro). Com 35 pontos, o Brasil aparece com destaque no relatório, que aponta a corrupção como “um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do País”.
Com informações de O Estado de S. Paulo