Nesta quinta-feira (13), recorda-se o falecimento de dois homens que dignificaram os princípios socialistas do PSB e os compromissos de luta com o povo brasileiro, especialmente, o mais humilde.
Eduardo Campos e seu avô Miguel Arraes, ambos governadores de Pernambuco e presidentes nacionais do PSB, entraram para a história como exemplos de líderes políticos que contribuíram com a democracia brasileira, com a defesa da cidadania, com o combate à desigualdade social e as injustiças, e com a ideia de um desenvolvimento nacional para o país.
São dois exemplos de homens públicos que amaram o povo, que consideravam a dignidade deste como uma condição inegociável para a consolidação da democracia e o desenvolvimento do país. E que contrastam com a infeliz situação que vivemos neste momento com um governante que despreza o sofrimento de milhões de pessoas diante de uma pandemia que já matou mais de 104 mil e infectou milhões de brasileiros.
Prefeito, deputado estadual e federal, três vezes governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Arraes dedicou a maior parte de sua vida para mudar a realidade do povo mais sofrido de Pernambuco e defender a democracia no Brasil, justamente o oposto do que representa o presidente Jair Bolsonaro e seu projeto fundamentalista de extrema-feira. Arraes mantinha um vínculo raro com o povo humilde do sertão, um ambiente marcado pela injustiça e pela miséria.
“Arraes sustentou a ideia de construirmos um projeto de nação. Por toda a sua vida, honrou a confiança do povo. Ele nos deixou sua visão de mundo e exemplo como cidadão, homem público, dirigente partidário e líder político”, afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Para Siqueira, “o Brasil precisa de muitos outros Miguel Arraes de Alencar. O líder de esquerda faz muita falta neste momento de graves retrocessos civilizatórios”, observa.
O célebre Acordo do Campo, que assegurou aos trabalhadores rurais, pela primeira vez no país, os benefícios da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e o Programa Chapéu de Palha foram criados no governo de Arraes para garantir alternativas de renda durante a entressafra da cana-de-açúcar no Estado de Pernambuco.
“Miguel Arraes não apenas gostava do povo, que lhe retribuiu política e afetivamente uma vida dedicada aos menos favorecidos, à gente sofrida com quem conviveu desde a mais tenra idade. Ele se sentia bem em meio ao povo, caminhando lado a lado com aqueles a quem servia, com o mais alto espírito público”, lembra.
Líder nacional da esquerda, deposto em 1964, Arraes foi encarcerado em Fernando de Noronha, preso no Rio de Janeiro e exilado na Argélia, manteve a luta contra a ditadura, retornando ao Brasil depois de 15 anos, em 1979, com a Anistia. Presidiu o PSB entre 1993 e 2005, ano de sua morte.
Herdeiro de uma tradição democrática e popular, cuja grande referência era o ex-governador Miguel Arraes, seu avô, Eduardo Campos foi expoente de uma nova geração de políticos brasileiros.
“Em comum, dr. Arraes e Eduardo deram a sua contribuição para a luta em defesa dos interesses do país e de seu povo”, resume.
Governador reeleito de Pernambuco, Eduardo implantou programas que se tornaram modelos na educação, o que ele sempre enxergou como recurso para que o país se reinventasse, a partir do investimento no capital humano.
Considerado por cinco vezes o melhor governador do Brasil, Campos tinha 90% de aprovação ao deixar o Palácio do Campo das Princesas. Presidiu o PSB entre 2005 e 2014, quando se tornou candidato à presidência da República e enfrentou o maior desafio da sua trajetória política.
Investido na função de ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo reelaborou o planejamento estratégico da pasta, reorientou os programas espacial e nuclear brasileiros, aprovou a Lei de Inovação Tecnológica e ainda a Lei de Biossegurança, permitindo a pesquisa científica com células-tronco.
Durante campanha presidencial, percorreu o país apresentando suas ideias e, por onde passava, ganhava a confiança de milhões de pessoas. No dia 13 de agosto, porém, um acidente aéreo em Santos (SP) resultou em sua trágica e prematura morte.
“Foi um político vigoroso no parlamento e no executivo, soube combinar a defesa das bandeiras históricas com ações transformadoras no governo. Inovou em sua atuação política sem nunca ter desonrado o passado de luta dos socialistas em favor do povo mais humilde”, resumiu.